Nossa História

Como tudo começou... 
Em Brasília ainda era tempo da ditadura das fardas militares. Pelo país, a campanha das Diretas Já, mobilizando milhões de pessoas, fazia soprar o vento da redemocratização. 

Na Assembleia Legislativa de São Paulo, centenas de jovens do país inteiro se encontraram no dia da juventude, 22 de setembro. O manifesto lido na tribuna anunciava: “Somos jovens operários, camponeses, estudantes, artistas e intelectuais. Buscamos o futuro e a liberdade, os direitos que nos são negados, a esperança banida, a vontade subjugada”. Aqui começa a história da União da Juventude Socialista. 

Conscientes de que não bastavam somente as lutas cotidianas pela educação, por aumento de salários e por direitos imediatos, os mais de 600 jovens presentes afirmaram a necessidade de luta por um Brasil socialista. Apesar de muito jovens, eram combatentes experimentados nas lutas estudantis, sindicais e populares. 

Aldo Rebelo, ex-presidente da UNE, antes da leitura do manifesto “Em defesa da juventude e do socialismo”, propôs que o poeta abolicionista Castro Alves fosse eleito patrono da entidade e que o manifesto tivesse seus versos na abertura. 

Depois de 20 anos de ditadura, a democracia retornava ao país. Não foi através das diretas, como queria o povo. Teve que ser através de Tancredo Neves e José Sarney, no Colégio Eleitoral. 

A herança da ditadura para a juventude não era pequena. Não foi só com a falta de liberdade que os jovens foram castigados. O desemprego, a má qualidade de ensino, a elitização do acesso à cultura e ao esporte pesavam. Logo após sua fundação nacional, passaram a ocorrer lançamentos em vários estados. A direção nacional provisória, tendo Aldo Rebelo como coordenador geral, tratou de divulgar amplamente o manifesto e organizar atividades no país. 

Foi no Ginásio de Esportes Tarumã, em Curitiba, que aconteceu o I Congresso Nacional da UJS. Delegações dos estados chegavam trazendo animação e vontade de participar. O Congresso superou as expectativas. Rolaram debates, shows, teatro e muita confraternização. Ao final, foi aprovada a campanha nacional por “Emprego, esporte e cultura”. Nas delegações era forte a presença de jovens organizados nos bairros e cidades do interior. 

Aldo Rebelo é eleito coordenador geral. A nova direção nacional dedica suas energias à organização das coordenações estaduais e de alguns núcleos e lança um jornal da campanha “emprego, esporte e cultura”. Em São Paulo, as atividades se concentravam entre os jovens da periferia das regiões Sul e Leste. Em Goiânia, a UJS realizava festas populares e atividades esportivas, juntando muita gente. Ocorreram lançamentos com grande participação no RC, SC, RJ, BA, AM, PE, RN. 

A sede nacional da entidade ficava na capital paulista, na Rua da Abolição, na tradicional região do Bexiga. Ali passou a ser o local das reuniões e o ponto de encontro da moçada. 

A cidade de Vitória, no Espírito Santo, sediou o II Congresso Nacional da UJS. Os trabalhos foram na Universidade Federal. Entre atividades esportivas e debates, os participantes trocavam experiências sobre a UJS e tocavam violão. Não se sabe exatamente se surgiu ali, mas foi nesse Congresso que, pela primeira vez, a música Sociedade Alternativa, de Raul Seixas, ganha a versão tão conhecida (Viva, viva, viva a juventude socialista...). 

O Congresso foi marcado pelo debate sobre as eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, convocada para aquele ano. Emprego, serviço militar e direito de voto aos 16 anos estão presentes em quase todos os discursos. 

O Congresso registra um grande crescimento da participação de estudante, principalmente secundaristas. Apolinário Rebelo, ex-presidente da UBES, é eleito Coordenador Geral da entidade. 

Numa plenária nacional realizada em julho, no Colégio Caetano de Campos, na capital paulista, é debatido e aprovado o Programa da UJS, contendo propostas para a situação nacional e internacional, direitos políticos, direitos trabalhistas, educação, questão do menor, ecologia, serviço militar, drogas, mulheres, cultura, esporte, saúde, negros, índios, moradia, alimentação, transporte e turismo. Destacam-se as propostas de oposição ao governo Sarney, a defesa do voto para maiores de 16 anos e do serviço militar opcional para ambos os sexos.

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